Advogado, político, funcionário público, romancista. Nasceu em Baturité, Ceará, em 13 de janeiro de 1842, e faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de agosto de 1888. Filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e Maria Sant’Ana da Silveira. Frequentou escola somente durante onze meses. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1859 e bacharelou-se em 1863. Seu primeiro livro foi escrito quando tinha 19 anos: A Trindade Maldita, 1861. Formando, casou-se e, já não podendo contar com a ajuda do pai, que falecera, aceitou o cargo de revisor de provas no Jornal de Recife, como forma, ainda que paliativa, de enfrentar os novos encargos de chefe de família. Antes, porém, durante dois anos, estabeleceu-se em Porto Calvo (AL), onde tentou viver como advogado. Ao que parece, a tentativa não deu certo e ele acabou voltando para Pernambuco. Depois da penosa experiência no Jornal de Recife, onde ganhara quinhentos mil-reis por mês, foi nomeado diretor-geral da Instituição Primário de Pernambuco, cargo que exerceu por um ano. Conseguiu o elevado cargo graças à ingerência do conselheiro Francisco de Paula da Silveira Lobo, que tinha grande admiração pelo talento do jovem Távora. Deputado provincial (1868/69) em Pernambuco, situação que perdeu com a ascensão do Partido Conservador. Data desta época, o exercício do cargo de curador-geral dos Órfãos, que desempenhou durante apenas dois meses, uma vez que, por desinteligência que teve com o juiz Francisco de Carvalho S. Brandão, demitiu-se da função. Pouco depois, partiu para o Rio de Janeiro onde obteve emprego na Secretaria do Império, chegando a chefe de Gabinete. Como escreveu, foi autor de romances e contos, de caráter regionalista, cuja ação se desenrolava quase sempre no passado. O crítico Otto Maria Carpeaux classificou-o como realista e precursor imediato do naturalismo. Para ele, Franklin Távora é o sucessor imediato de Alencar e é contemporâneo de 1ª fase (a romântica) de Machado de Assis. Quanto a Alencar, a crítica de Franklin Távora é impiedosa. Sob o pseudônimo “Semprônio” criticou asperamente os romances Iracema e O Gaúcho. Segundo alguns, o que interessava a Távora “era o estudo e a história do povo; pó isso, rebuscou as narrativas e as lendas, consultou as crônicas e determinou-se a criar a literatura do norte, aproveitando as suas riquíssimas fontes de tradição, e convencido de que o homem do norte constituía um tipo característico distinto do sul”. Távora viveu e morreu pobre. No fim da vida tal era seu estado de penúria, que foi obrigado a vender parte de sua biblioteca. Pertenceu ao Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano à Sociedade de Geografia de Lisboa. Em agosto de 188, o IHGB elegeu-o correspondente, em 1882, passou-o a efetivo. Em 21 de dezembro de 1882, foi eleito Orador e, em 1886, 2º secretário. A Academia Brasileira de Letras escolheu-o um de seus patronos (o da cadeira nº 14), cujo 1º ocupante foi Clóvis Beviláqua. Publicou: A Trindade Maldita (contos), 1861. – Um Mistério de Família (drama) – Os Índios do Jaguaribe (romance histórico), 1866. – Um Casamento no Arrabalde (romance), 1866. – Três Lágrimas (drama), 1870. – Cartas de Semprônio a Cincinato, 1871. – O Cabeleira (história pernambucana), 1876 – O Matuto (crônica pernambucana), 1878. – Lourenço, 1881. – Lendas e Tradições do Norte, 1878. – Sacrifício (romance), 1879.
Franklin Távora (João Franklin da Silveira Távora) foi o patrono da cadeira n. 14, por escolha do fundador Clóvis Beviláqua.
Era filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e de Maria de Santana da Silveira. Fez os primeiros estudos em Fortaleza. Em 1884 transferiu-se com os pais para Pernambuco. Fez preparatórios em Goiana e Recife, em cuja Faculdade de Direito matriculou-se em 1859, formando-se em 1863. Lá viveu até 1874, tendo sido funcionário, deputado provincial e advogado, com breve intervalo, em 1873, no Pará, como secretário de governo. Em 1874, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde viveu como funcionário da Secretaria do Império. Foi jornalista ativo, redigindo A Consciência Livre (1869-1870) e A Verdade (1872-73).
Iniciou a vida literária ainda estudante. No que se pode chamar a sua fase recifense, publicou os contos da Trindade maldita (1861); os romances Os índios do Jaguaribe (1862); A casa de palha (1866); Um casamento no arrabalde (1869); os dramas Um mistério de família (1862) e Três lágrimas (1870).
No Rio de Janeiro, teve influência na vida literária, fundando e dirigindo, com Nicolau Midosi, a Revista Brasileira (2ª fase), de que saíram dez volumes de 1879 a 1881. Ao mesmo tempo, inicia uma fase de reconstituição do passado pernambucano, marcadamente regionalista, tanto na ficção quanto na investigação histórica. Fez cerrada campanha contra José de Alencar, por não concordar com o seu romantismo idealista. É tido como um dos precursores do Realismo, embora os seus romances ainda sejam grandiloquentes e românticos. No romance O sacrifício (1879), são evidentes as concepções naturalistas. Intérprete literário de um regionalismo que se vinha exprimindo ideologicamente desde o início do século, defendeu o que chamava uma literatura do Norte, em oposição a uma literatura do Sul, considerada cheia de estrangeirismos e antinacionalismo. Pseudônimos: Semprônio e Farisvest.
Fundou a Associação dos Homens de Letras e foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
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COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001. 2 v. ISBN 8526007238
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893. 7 v.